
A escolha de optar pelo simples nacional é uma decisão estratégica e técnica que impacta diretamente a gestão tributária de microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP). Com o intuito de garantir a correta aplicação dos benefícios fiscais e não tributários previstos na Lei Complementar nº 123/2006, torna-se fundamental compreender os prazos e os critérios que regem essa opção. Este artigo apresenta de forma objetiva os procedimentos, prazos e referências legais essenciais para que a decisão seja tomada com segurança jurídica.
Optar pelo simples nacional, ao iniciar a atividade em meses que não correspondem ao de janeiro, demanda uma análise minuciosa dos prazos estipulados. O procedimento exige o cumprimento simultâneo de dois prazos que se aplicam isoladamente, sendo o que se esgota primeiro determinante para a retroatividade da opção. Essa característica visa manter a clareza e a uniformidade no processo de regularização, garantindo que as empresas se beneficiem do regime simplificado dentro dos parâmetros legais estabelecidos.
Processo para a Opção Pelo Simples Nacional
Para que a opção pelo simples nacional produza efeitos retroativos à abertura do CNPJ, é necessário que a ME ou EPP conclua a inscrição no CNPJ e obtenha, de maneira regular, as inscrições municipal e estadual (quando exigida). O procedimento impõe a observância simultânea de dois prazos distintos, que não se somam. Assim, o prazo efetivo será aquele que se esgota primeiro.
Quando uma empresa inicia sua atividade em um mês diverso de janeiro, ela deve cumprir o prazo de 30 dias contados a partir do último deferimento da inscrição – seja esta municipal ou estadual. Esse prazo é fundamental, pois determina o momento limite para que a opção pelo simples nacional seja solicitada. De forma paralela, a empresa deve observar o prazo relativo à data de abertura do CNPJ. Para aquelas com data de abertura até 31 de dezembro de 2020, o prazo é de 180 dias, enquanto para as abertas a partir de 1º de janeiro de 2021, o prazo é reduzido para 60 dias.
Caso os prazos não sejam integralmente cumpridos, a opção não poderá produzir efeitos retroativos à data da abertura do CNPJ. Em tal situação, a escolha pelo simples nacional só poderá ser efetuada no mês de janeiro do ano-calendário seguinte, produzindo efeitos a partir desse novo período.
Critérios e Prazos Aplicáveis
A análise técnica dos prazos mostra que a empresa deve estar atenta a dois momentos fundamentais: o deferimento da inscrição (municipal e/ou estadual) e a data de abertura do CNPJ. A exigência de 30 dias a partir do último deferimento tem caráter impeditivo, ou seja, mesmo que o prazo de 180 ou 60 dias da inscrição no CNPJ não tenha sido alcançado, a solicitação deve ser feita quando o prazo de 30 dias se esgota.
Por exemplo, uma empresa que iniciou suas atividades em abril de 2014 e obteve o deferimento da inscrição municipal em maio daquele ano terá 30 dias a contar da data do deferimento para optar pelo simples nacional. Mesmo que o prazo de 180 dias, contado a partir da abertura do CNPJ, ainda não tenha terminado, o critério limitante será o prazo de 30 dias, que deve ser respeitado rigorosamente.
De forma similar, se a inscrição municipal ou estadual for deferida em uma data posterior à abertura do CNPJ, o prazo a ser observado será o menor entre os dois prazos estabelecidos pela legislação. Esse mecanismo impede que a empresa utilize um prazo maior para postergar a opção, garantindo que os efeitos retroativos sejam aplicados conforme o cronograma previsto.
Fluxo do Procedimento
Para uma visualização mais clara do processo, segue abaixo um diagrama em sintaxe, que ilustra o fluxo para a opção pelo simples nacional:
Esse diagrama evidencia que o procedimento depende da verificação de dois prazos isolados, cujo menor prazo determinará o momento da opção, assegurando a retroatividade desejada somente se os requisitos forem rigorosamente cumpridos.
Implicações Fiscais da Opção
Optar pelo simples nacional, dentro dos prazos estipulados, permite que a empresa usufrua dos benefícios do regime simplificado. Entre esses benefícios, destacam-se a unificação dos tributos em um único pagamento e a simplificação do processo de arrecadação. Essa escolha favorece a redução da burocracia e contribui para uma gestão tributária mais eficiente.
Entretanto, o não cumprimento dos prazos pode acarretar consequências negativas. Se a empresa não efetivar a opção dentro do período determinado, os efeitos retroativos serão perdidos, e a opção só poderá ser realizada no início do próximo ano-calendário. Essa situação pode resultar em um planejamento fiscal menos favorável, pois a empresa não se beneficiará do regime simplificado desde o início de suas atividades.
Referências Legais e Normativas
A fundamentação legal para a opção pelo simples nacional é robusta e está estabelecida em dispositivos específicos que visam assegurar a clareza do procedimento. As principais referências incluem os dispositivos previstos na Lei Complementar nº 123, de 2006, que institui o Simples Nacional e define os benefícios destinados às ME e EPP.
Adicionalmente, as resoluções da Comissão Gestora do Simples Nacional (CGSN) – em especial, o art. 2º, IV e o art. 6º, § 5º, I da Resolução CGSN nº 140, de 2018 – definem os prazos para a opção retroativa. A Resolução CGSN nº 150, de 2019, complementa esses critérios, especificando as condições para a escolha em diferentes cenários, enquanto o art. 2º da Resolução CGSN nº 155, de 2020, reforça a importância da observância rigorosa dos prazos estabelecidos.
Essas referências legais são fundamentais para que os empresários compreendam que a opção pelo simples nacional não é um mero procedimento administrativo, mas sim uma escolha estratégica que deve ser realizada com base em critérios técnicos e prazos legais definidos. A correta interpretação e aplicação desses dispositivos garantem a segurança jurídica e a eficácia dos benefícios fiscais concedidos.
Análise Técnica dos Exemplos Práticos
A análise dos exemplos práticos apresentados na normativa evidencia a necessidade de se cumprir rigorosamente ambos os prazos. Empresas que iniciam suas atividades em datas diversas de janeiro devem se atentar ao fato de que o prazo de 30 dias, contado a partir do deferimento da inscrição, é o fator determinante para que a opção produza efeitos retroativos à abertura do CNPJ.
Por exemplo, se uma empresa obtém o deferimento da inscrição municipal após o início de suas atividades, ela deverá optar pelo simples nacional dentro do período de 30 dias, independentemente de ainda dispor de mais tempo em relação ao prazo contado a partir do CNPJ. Essa regra previne a dilatação do prazo e assegura que os benefícios do regime simplificado sejam aplicados desde o início, evitando distorções no planejamento tributário.
Outro aspecto relevante é que o não cumprimento dos prazos estabelecidos impede a aplicação retroativa da opção, obrigando a empresa a esperar até o início do próximo ano-calendário para formalizar sua escolha. Essa condição enfatiza a importância de um acompanhamento rigoroso dos prazos logo após a inscrição no CNPJ e o deferimento das inscrições necessárias.
Optar pelo simples nacional é uma decisão técnica que exige atenção aos detalhes e ao cumprimento rigoroso dos prazos legais. A análise dos dois prazos – o de 30 dias a partir do último deferimento da inscrição e o prazo relativo à data de abertura do CNPJ (180 dias ou 60 dias, conforme o caso) – é imprescindível para que a opção produza efeitos retroativos.
A fundamentação legal, baseada na Lei Complementar nº 123/2006 e nas resoluções da CGSN, garante que o procedimento seja realizado de forma clara e segura, proporcionando benefícios fiscais que podem reduzir a burocracia e facilitar a gestão tributária das microempresas e empresas de pequeno porte. O respeito a esses prazos é essencial para que a empresa aproveite integralmente os incentivos do regime simplificado e evite complicações futuras.
Concluímos que a opção pelo simples nacional, quando realizada dentro dos prazos estabelecidos, é um instrumento estratégico para a sustentabilidade e competitividade dos pequenos negócios. A análise técnica dos dispositivos legais e a observância dos prazos permitem uma gestão tributária mais eficiente, contribuindo para o crescimento e a segurança jurídica da empresa.
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