Ainda em vigor hoje está o Teto de Gastos, que é uma nova norma constitucional que determina, na prática, que o Brasil só pode gastar, em cada rubrica orçamentária ou no conjunto do orçamento, o mesmo valor gasto no ano anterior, ajustado pela inflação. No entanto, certos gastos obrigatórios têm uma dinâmica própria, como é o caso das aposentadorias, que continuam a evoluir. Isso acaba por comprimir os investimentos no país, uma vez que os recursos são direcionados para essas despesas obrigatórias.
A despesa mais impactante, sem dúvida, é o pagamento dos juros da dívida pública. Para se ter uma ideia, apenas 1% da taxa SELIC, que é a taxa de juros básica cobrada pelo Banco Central brasileiro, custa aos cofres do Tesouro Nacional cerca de 60 bilhões de reais. Enquanto isso, áreas como segurança pública e saúde ficam desassistidas. Neste momento, o Brasil está absolutamente proibido de expandir qualquer tipo de despesa, o que cria um cenário desafiador para a gestão do país.
Com a mudança de governo, com a saída de Bolsonaro e a entrada de Lula, o fim do teto de gastos está sendo discutido e pretende-se revogar essa norma que tem se mostrado problemática.
O fim do teto de gastos segue a premissa de que um orçamento, seja ele doméstico, empresarial ou de um país, deve buscar o equilíbrio. Não é sustentável gastar mais do que se ganha, mesmo que para o setor público isso seja calculado de forma diferente. A busca pelo equilíbrio precisa ser defendido para o bem de todos.
O que o fim do teto de gastos propõe é algo semelhante ao sistema adotado nos Estados Unidos, onde existe uma lei ordinária anual que determina o equilíbrio das contas. Essa lei é diferente de uma norma constitucional, pois permite uma flexibilidade maior para resolver os problemas conjunturais que surgem. Isso evita que a nação fique engessada por 20 anos, como acontece com o teto de gastos no Brasil.
Vamos pensar em um exemplo prático: a atenção materno-infantil. Como posso afirmar que, por 20 anos, essa área não vai expandir quando temos cerca de milhares de bebês nascendo anualmente no Brasil? O atual teto de gastos é uma limitação absurda que foi aprovada por mais de três quintos.
O fim do teto de gastos é uma proposta que está sendo discutida no contexto político brasileiro. Essa medida busca revogar o atual modelo de restrição orçamentária, que tem limitado os gastos públicos do país.
Uma das principais críticas ao teto de gastos é que ele acaba comprimindo os investimentos em áreas essenciais, como saúde, educação e segurança pública. Os recursos são direcionados principalmente para despesas obrigatórias, como o pagamento de juros da dívida pública (ver gráfico abaixo). Essa realidade resulta em um cenário desafiador para a gestão do país, com áreas prioritárias sofrendo com falta de investimentos.
A proposta de fim do teto de gastos tem como objetivo buscar um equilíbrio nas contas públicas, mas de forma mais flexível. Diferentemente do modelo atual, baseado em uma norma constitucional, a ideia seria adotar uma lei ordinária anual que permitiria ajustes de acordo com as necessidades e conjuntura econômica do país. Essa abordagem, similar ao que é feito nos Estados Unidos, traria maior margem de manobra para lidar com os desafios emergentes.
Um ponto importante a ser considerado é que a manutenção do teto de gastos por um período tão longo como 20 anos pode impactar negativamente setores que demandam investimentos constantes, como é o caso da atenção materno-infantil. Com milhares de nascimentos ocorrendo anualmente no Brasil, é fundamental que haja espaço para expandir e aprimorar os serviços nessa área.
No entanto, é importante ressaltar que a discussão sobre o fim do teto de gastos envolve diferentes perspectivas e opiniões. Alguns argumentam que a medida é necessária para promover o crescimento econômico e permitir investimentos em setores estratégicos. Por outro lado, há aqueles que defendem a manutenção do teto como forma de controlar os gastos públicos e garantir a sustentabilidade fiscal.
Em suma, o fim do teto de gastos é uma proposta em discussão no cenário político brasileiro, que visa revogar o atual modelo de restrição orçamentária. Essa medida busca trazer maior flexibilidade e margem de manobra para os investimentos públicos, equilibrando a necessidade de controle fiscal com a demanda por recursos em áreas essenciais. No entanto, é uma questão complexa que envolve diferentes pontos de vista e requer análises aprofundadas sobre os impactos na economia brasileira.
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