A economia brasileira enfrenta desafios significativos, e não se trata apenas de uma diminuição do otimismo. No mês de abril deste ano, o Brasil atingiu um recorde de inadimplentes. De acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), aproximadamente 66 milhões de pessoas deixaram de pagar suas dívidas no último mês. Além disso, observa-se um aumento da inadimplência entre os idosos. Neste artigo, abordaremos as causas desse cenário preocupante e discutiremos possíveis soluções para superar essa situação.
A Corda no Pescoço: A Inadimplência no Brasil
No último mês, a cada 10 adultos brasileiros, quatro enfrentaram dificuldades financeiras e se tornaram inadimplentes. Em abril, mais de 66 milhões de pessoas no país estavam com dívidas em atraso, de acordo com o levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito. Esse número representa um aumento de cerca de 8% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Cada inadimplente, em média, deve aproximadamente R$ 4.000 em dívidas acumuladas com duas empresas. O cenário econômico, principalmente durante a pandemia, afetou o bolso das famílias, especialmente aquelas com rendas mais baixas. No passado, enfrentamos períodos com inflação dos alimentos em dois dígitos, o que contribuiu para agravar a situação financeira das pessoas. Além disso, a taxa de juros está mais alta, tornando o acesso ao crédito mais difícil. Muitas dívidas negociadas anteriormente, quando a taxa de juros estava em 2%, tornaram-se mais difíceis de serem pagas devido ao aumento dos encargos financeiros.
Muitos brasileiros permaneçam endividados. Mesmo com a expectativa de uma taxa de juros mais alta e uma diminuição a partir do segundo semestre, ainda enfrentaremos um cenário de juros elevados. Isso, por sua vez, impacta diretamente na capacidade das pessoas quitarem suas dívidas, mantendo a perspectiva de inadimplência em níveis preocupantes.
Desafios e Soluções para o Endividamento
Destacamos a importância do planejamento pessoal para evitar o endividamento a médio e longo prazo. Se não possuímos dinheiro guardado, planejamento adequado e uma reserva de emergência, é natural que precisemos recorrer a empréstimos e créditos, agravando ainda mais nossos problemas financeiros.
Os especialistas ressaltam que é fundamental que os consumidores mapeiem suas dívidas, dando prioridade àquelas com juros mais altos, e busquem renegociar os valores com as empresas credoras. É necessário um cuidadoso gerenciamento financeiro e a adoção de medidas efetivas para evitar a inadimplência.
Legislação e Desafios para o Segundo Semestre
Uma das soluções propostas é a implementação da Lei do Superendividamento, promulgada em 2021. Essa lei visa auxiliar as pessoas que estão impossibilitadas de pagar dívidas que ultrapassam sua capacidade financeira. O consumidor que contraiu uma dívida de boa-fé e não tem condições de arcar com ela seria amparado por essa lei, que poderia facilitar sua situação. Por exemplo, a legislação poderia limitar os altos juros cobrados pelos cartões de crédito pelas instituições bancárias. No entanto, alguns pontos dessa lei foram suspensos pelo Judiciário, dificultando sua aplicação.
Por outro lado, para aqueles que são considerados devedores de má-fé, tem havido decisões judiciais interessantes recentemente. Por exemplo, o bloqueio da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou do passaporte do devedor como forma de pressioná-lo a pagar suas dívidas. Além disso, o Superior Tribunal de Justiça autorizou a penhora de parte do salário do devedor. Essas medidas, por um lado, poderiam auxiliar aqueles que estão em situação de endividamento insustentável e, por outro lado, incentivam as empresas a cobrarem dívidas contratuais de pessoas que não honram seus compromissos.
Conclusão
O aumento da inadimplência no Brasil é uma preocupação crescente. O cenário econômico desafiador, aliado à falta de planejamento financeiro e às altas taxas de juros, contribuem para essa realidade. É fundamental que os consumidores priorizem o gerenciamento de suas dívidas, busquem renegociações e estabeleçam um planejamento financeiro adequado.
Além disso, a implementação de políticas públicas e legislações efetivas, como a Lei do Superendividamento, poderiam fornecer amparo aos consumidores em situações de endividamento excessivo. É necessário um esforço conjunto entre governo, instituições financeiras, empresas e consumidores para enfrentar esse desafio e buscar soluções que beneficiem a todos.
Por fim, conscientizar-se sobre a importância de uma educação financeira sólida e desenvolver hábitos de consumo responsável são medidas fundamentais para evitar a inadimplência e construir uma vida financeira saudável e estável.
Contabilidade Cidadã
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