As Lojas Americanas, uma das principais varejistas do país, está enfrentando um escândalo financeiro de grandes proporções. Recentemente, a empresa divulgou um comunicado importante, onde pela primeira vez não mencionou as conhecidas inconsistências contábeis, mas sim admitiu ter sido vítima de uma fraude. Essa revelação abalou o mercado e trouxe à tona questões sobre a integridade dos dados financeiros da empresa.
Durante uma sessão do Comitê de Assuntos Econômicos do Senado, em 28 de março deste ano, o novo CEO da Americanas foi questionado sobre as alegações de fraude nas Americanas. Naquela ocasião, ele adotou uma postura cautelosa, referindo-me às irregularidades como "inconsistências contábeis". Isso se deu devido à falta de documentação que comprovasse definitivamente a ocorrência da fraude. No entanto, desde então, essa documentação foi apresentada e agora fica evidente a gravidade do ocorrido.
A empresa destituiu a antiga diretoria e mencionou o envolvimento de nomes como o ex CEO Miguel Gutierrez, que comandou a empresa por duas décadas, além de outros ex-diretores. A Americanas alega que Márcio Cruz Meirelles e os executivos Fábio da Silva Bratti, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes não apenas tinham conhecimento da fraude, mas também participaram ativamente dela.
No fato relevante publicado na terça-feira, a Americanas afirmou que foram identificados contratos fictícios de verba de propaganda e incentivos comerciais, totalizando a surpreendente quantia de R$ 21,7 bilhões. Dessas transações fraudulentas, R$ 17,7 bilhões foram registrados como redutores de custos, enquanto outros R$ 4 bilhões foram lançados como contrapartidas em contas de ativos da empresa. A documentação entregue pelo diretor-presidente da varejista à comissão parlamentar de inquérito revela a existência de duas contabilidades na empresa: uma interna, que apresentava um prejuízo de R$ 1,966 bilhão em 2021, e outra, divulgada ao mercado, que mostrava um lucro de R$ 421 milhões no mesmo período. Além disso, há uma planilha indicando lucro em 2022, enquanto a planilha interna revelava prejuízo superior a R$ 1 bilhão no ano passado. Ao longo dos anos, estima-se que a fraude nas Americanas tenha causado um prejuízo de aproximadamente R$ 20 bilhões.
É importante ressaltar que o documento em questão é um demonstrativo de resultados da companhia, que evidencia os resultados do ano de 2021, bem como as projeções preliminares para 2022.
A primeira slide apresenta a "visão interna", que representa o EBITDA(lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) com um prejuízo de R$ 733 milhões.
Em contrapartida, na mesma apresentação, há uma "visão conselho" que mostra um lucro de impressionantes R$ 2,9 bilhões, uma diferença substancial. Portanto, entre a visão interna e a visão conselho, foi criada uma discrepância de R$ 3,5 bilhões.
Durante o depoimento do diretor-presidente da Americanas, foram revelados indícios de envolvimento dos auditores externos nas supostas fraudes. O CEO da empresa afirmou que há uma ampla documentação que comprova o auxílio das auditorias na elaboração dessa fraude. Além disso, foram apresentados e-mails dos antigos auditores com a KPMG, demonstrando que a auditoria teria permitido alterações nos controles financeiros a pedido da diretoria da varejista. É importante mencionar que a KPMG realizou auditoria oficialmente nas Americanas entre 2016 e 2018, enquanto a PWC foi contratada em 2019 e aprovou os balanços da empresa sem ressalvas.
Essas revelações chocantes colocam em xeque a credibilidade das informações financeiras divulgadas pelas Americanas ao longo dos anos. A fraude revelada é uma grave violação dos resultados financeiros, levantando preocupações sobre os riscos associados aos investimentos e à confiança dos acionistas e do mercado em geral. As autoridades competentes estão investigando o caso minuciosamente, e espera-se que as devidas providências sejam tomadas para punir os responsáveis e resguardar a integridade do setor empresarial.
As Americanas agora enfrentam um desafio significativo em reconstruir sua reputação e restabelecer a confiança dos consumidores e investidores. O mercado aguarda ansiosamente por ações concretas que demonstrem uma postura transparente e uma gestão responsável, visando garantir a sustentabilidade e o futuro dessa empresa tão importante para a economia do país.
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