Os dados recentes da Serasa Experian revelam uma preocupante tendência econômica no Brasil, com um significativo crescimento nos pedidos de recuperação judicial e falência no primeiro semestre de 2023. Esse aumento de 52% em relação ao mesmo período do ano anterior é reflexo da atual situação econômica do país, marcada pelo agravamento da taxa de juros e enfraquecimento da economia. Neste artigo, vamos explorar as causas desse cenário e as diferenças entre a recuperação judicial e extrajudicial, além de analisar casos emblemáticos que chamaram a atenção nesse período.
O aumento dos pedidos de recuperação judicial pode ser atribuído à atual conjuntura econômica do país. Com a alta taxa de juros e a consequente dificuldade de rolagem das dívidas, muitas empresas enfrentam uma situação delicada para honrar seus compromissos financeiros. Diante desse cenário, a inadimplência tem crescido, deixando poucas alternativas às empresas a não ser a impetração do pedido de recuperação judicial ou de falência.
A recuperação extrajudicial é um acordo entre as partes, no qual a empresa entra com um pedido após obter a concordância de, pelo menos, 50% de seus credores em relação às novas condições de pagamento. Uma vez homologado pelo judiciário, esse processo é mais ágil e leve, se comparado à recuperação judicial. Nesta última, é necessário aglutinar quatro classes de credores (trabalhistas, quirografários, com garantia real e pequenas/microempresas) e submeter um plano factível que possibilite a saída da crise e a retomada das atividades da empresa. A aprovação do plano requer a maioria de cada classe de credores, de forma independente.
No segmento do varejo, temos observado um aumento significativo de casos de recuperação judicial. Isso se deve, em grande parte, à retração econômica, que tem afetado as vendas e o consumo da sociedade. Além disso, a competição com as vendas online tem pressionado ainda mais o setor varejista, que enfrenta desafios como altos aluguéis e custos de funcionários em shopping centers. O fechamento de unidades não lucrativas tem sido uma prática adotada pelas empresas para se reestruturarem, mas é importante ressaltar que a recuperação judicial pode ser uma alternativa para ajustar o passivo dessas unidades, negociando prazos e eventuais descontos nas dívidas.
Empresas que entram em recuperação judicial têm duas situações possíveis: algumas apresentam atividades inviáveis e estão fadadas à falência, enquanto outras conseguem se reestruturar. Essas últimas deixam de ser pressionadas por passivos elevados, possibilitando uma reorganização financeira como se fossem uma empresa nova. A experiência mostra que cerca de 2 mil empresas concluíram suas recuperações judiciais e seguem suas atividades normalmente, enquanto aproximadamente 9 mil ainda estão em processo de recuperação. No entanto, com o agravamento da crise econômica, tem-se observado o pedido de novas recuperações judiciais por empresas que já haviam saído do processo, criando demandas judiciais e enfraquecendo o setor de crédito no país.
O cenário econômico do Brasil tem impulsionado um aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial e falência de empresas. A alta taxa de juros e a retração econômica têm dificultado a rolagem das dívidas, levando muitas empresas à inadimplência e à busca por soluções como a recuperação judicial. Neste contexto, a compreensão das diferenças entre a recuperação judicial e extrajudicial é essencial para as empresas que buscam reestruturação. A análise de casos emblemáticos, especialmente no setor varejista, ajuda a compreender as dificuldades enfrentadas pelas empresas e as perspectivas para aquelas que buscam se reerguer.
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