O marcante deficit nas contas públicas em 2023 tem despertado atenção e inquietação. Enquanto o governo anterior celebrou um superávit de 78,8 bilhões de reais no período de janeiro a julho de 2022, o governo atual se vê diante de um déficit primário de 77 bilhões de reais no mesmo intervalo. Neste artigo vamos analisar essa mudança acentuada nas finanças governamentais, identificando os fatores que a impulsionaram e as implicações para a economia do país.
Comparando os Resultados: Superávit x Déficit
O governo anterior testemunhou um cenário positivo, registrando um superávit considerável nas contas públicas durante o primeiro semestre de 2022. No entanto, sob a administração atual, a trajetória se inverteu, apresentando um déficit primário significativo. Daí a importância de compreender os elementos contidos que moldaram esses resultados altamente distintos.
Fatores Externos e Internos: Balançando as Contas
A explicação para essa mudança de rumo é multifacetada. Por um lado, como um dos fatores principais, o governo anterior se beneficiou de fatores externos, como o aumento do valor das commodities, especialmente do petróleo. Esse cenário elevou os lucros da Petrobras e, consequentemente, os dividendos para o governo.
No entanto, a administração atual optou por uma abordagem mais voltada ao aumento dos gastos, destacando-se a promulgação da Emenda Constitucional (PEC) de transição. Essa medida concedeu uma margem de manobra que excedeu o limite estabelecido para os gastos que chegam em 180 bilhões de reais.
Até o momento, todas as ações tomadas têm se concentrado no âmbito do aumento da arrecadação com aumento de impostos e taxas de juros. Não se observa nenhuma medida que aborde efetivamente a redução das despesas públicas. É evidente que essa abordagem tem repercussões negativas nas contas governamentais, como se pôde constatar no mês de julho.
Quando o governo aumenta os gastos, isso implica que tais recursos estão sendo obtidos de alguma fonte, e dado que as finanças não estão equilibradas, isso leva a um maior endividamento do governo. Essa tendência é corroborada pelo fato de que a proporção da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 73,6% para 74,1%.
Impactos Financeiros e Econômicos
A alternância entre superávit e déficit tem consequências palpáveis para a saúde financeira do país. O superávit anterior proporcionou maior margem de manobra fiscal e redução da pressão sobre a dívida pública.
No entanto, o déficit atual coloca o governo em um cenário desafiador, exigindo maior endividamento para suprir as demandas de gastos. Tal situação afetará negativamente a estabilidade econômica, a confiança dos investidores e, consequentemente, o crescimento econômico.
Desafios e Perspectivas Futuras
O governo atual busca mitigar o déficit por meio da aprovação de medidas para aumentar a arrecadação. No entanto, a eficácia dessas ações está sujeita à dinâmica complexa das negociações políticas no Congresso. Ainda mais importante do que ampliar a arrecadação é a necessidade de conter os gastos públicos.
A rejeição de propostas para cortar despesas, como a extinção da Funasa, ilustra os desafios enfrentados para alcançar um equilíbrio fiscal sustentável.
Traçando um Caminho Equilibrado
A busca por um equilíbrio entre aumento de arrecadação e redução de gastos é fundamental para conter a oscilação e promover uma trajetória econômica mais estável.
A cooperação entre o governo e o Congresso, aliada a decisões prudentes e conscientes, pavimentará o caminho para um futuro fiscalmente saudável.
A contenção de gastos, a obediência aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, entre outras ações governamentais, serão cruciais para a retomada do crescimento econômico, para confiança do setor privado, para volta do investimento, aumento da renda e do emprego.
Deixe um comentário