Investir em Fundos Imobiliários é a Escolha Acertada?
Os movimentos de oscilação nas taxas de juros, articulados pelo Banco Central, têm servido como ponto de inflexão na trajetória dos investimentos. Recentemente, a trajetória descendente da Selic — a taxa básica de juros — inaugurou um cenário divergente do que o país vinha experimentando desde fevereiro do ano precedente, onde juros orbitando a casa dos dois dígitos eram uma realidade tangível e fomentavam o próspero terreno da renda fixa.
Numa economia que assiste a uma inflação de 5,19% nos derradeiros 12 meses até o mês de setembro, a propulsão da atividade econômica transformou-se na estrela-guia das decisões do Banco Central. Projeções, consubstanciadas pelo boletim Focus, projetam uma Selic de 11,75% ao término de 2023 e ulteriormente deslizando para 9% no ano subsequente.
A Procura por Alternativas Lucrativas
Em face desta política de relaxamento monetário e com a rentabilidade da renda fixa em decrescência, fundos imobiliários (FIIs), investimentos na Bolsa e fundos multimercado emergem como portos potencialmente seguros e lucrativos no instável oceano dos investimentos.
Segundo Guilherme Maziero, sócio da Guardian Gestora, momentos pretéritos de decréscimos na Selic, vislumbrados nos períodos entre 2011 e 2012 e também de 2016 a 2018, alavancaram a procura por FIIs, constituindo-se como uma evidência empírica da relação inversa entre taxa de juros e a procura por investimentos em fundos.
Lucratividade e Riscos: As Duas Faces de Jano dos FIIs
Entretanto, é mister lançar um olhar crítico e desprovido de entusiasmo desmedido sobre o cenário. Os FIIs, conquanto possuam um charme notório em sua aparente alta lucratividade — patente na valorização de 0,65% no Ifix e num dividend yield ( ponderado do índice de expressivos 10,96% em um período de 12 meses até outubro —, não estão imunes a intempéries e desafios.
Os Desafios Encobertos pela Neblina dos Dividendos
A viabilidade dos FIIs como instrumento de investimento está, inegavelmente, atrelada a uma série de fatores macroeconômicos e setoriais. Um dos desafios notórios ressoa na voz de Fernando Siqueira, gerente sênior de análise da Guide Investimentos, o qual ressalta o perigo inerente na queda da Selic ser inferior à esperada. Esta conjuntura poderia implicar um retorno abreviado para os investidores em FIIs de tijolos.
Quando a Dívida Cobra seu Preço
No que tange aos fundos de papel, a espada de Dâmocles pende sob a forma de risco de crédito. Um aumento contundente nos juros pode gerar uma atmosfera de tensão e dificuldade para as empresas, que se veem asfixiadas pela onerosa tarefa de manter suas dívidas sob controle, possivelmente afetando os dividendos pagos e culminando em potenciais renegociações, como destaca Eduardo Mekbekian, sócio fundador da Manati Capital Management.
O Cerne da Questão: Investir ou Não Investir?
Considerações e Perspectivas Futuras
O momento é, indubitavelmente, convidativo para o investidor se deixar seduzir pelos cânticos serelepes dos FIIs. Os dividendos, isentos de imposto de renda e com uma periodicidade mensal, somados à potencial valorização das cotas, forjam um cenário que beira o idílico para aqueles ávidos por rentabilidade.
Todavia, os ventos que sopram a favor também podem, com uma mudança abrupta, se tornar contrários, trazendo consigo tormentas inesperadas. Assim, o cenário convoca a necessidade de uma navegação hábil, que saiba como explorar as bonanças, mas também como se proteger nas tempestades que os investimentos em fundos imobiliários podem, sub-repticiamente, trazer.
Investir, especialmente em FIIs, é uma arte que demanda um olhar afiado para as oportunidades, mas também uma prudência inabalável diante das variáveis e riscos envolvidos. Nessa senda, a diversificação da carteira de investimentos surge como um princípio basilar, oferecendo um escudo robusto contra eventuais reviravoltas do mercado e garantindo que o investidor não somente sobreviva, mas também prospere na travessia errática dos mares econômicos brasileiros.
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